Celebrantes do Culto Ecumênico do XXVIII Concílio da Igreja |
Significativa também foi pregação
do Bispo de Chapecó e Presidente do CONIC, Dom Manuel João Francisco, que
transcrevemos abaixo e agradecemos o envio da prédica, que, com toda certeza,
contribuiu para sentir que estamos juntos na caminhada ecumênica e expressamos
aquela que é a vontade de Cristo o Senhor, a unidade dos cristãos.
Homilia do Culto Ecumênico do
XXVIII Concílio da Igreja - 19 de outubro de 2012
Textos Bíblicos: Salmo 113 e João
17.1-21
No contexto do XXVIII Concílio da
Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, estamos realizando essa
celebração ecumênica com a participação de irmãos e irmãs de diferentes Igrejas.
Queremos neste momento louvar e agradecer a Deus pelo caminho percorrido até
aqui na busca da unidade dos cristãos. Queremos também pedir forças, luzes e
coragem para continuarmos a caminhada que por vezes se apresenta íngreme e até
mesmo desalentadora. Neste momento vamos refletir sobre o que significa a
proposta ecumênica.
A unidade dos cristãos, segundo o
Evangelho há pouco proclamado, é expressa vontade
de Cristo. E se é vontade de Cristo, deve ser também nossa vontade. A busca
da unidade entre os cristãos não é algo acessório, como um apêndice do ser
cristão. Trata-se de acolher ou não acolher a vontade do nosso Salvador. A
causa ecumênica, portanto, é constitutiva do ser cristão. O cristão e a fé
cristã, não importa a Igreja a que pertençam, estão convocados, pelo fato de
serem cristãos, a abater todo e qualquer muro de divisão e a superar qualquer
tipo de obstáculo ou preconceito que impeçam o anúncio do Evangelho da
Salvação.
Ainda segundo o Evangelho
proclamado, a unidade dos cristãos é uma exigência
da missão. A Igreja nasceu missionária. "Ide por todo o mundo e
anunciai a Boa Nova a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo."
Há dois mil anos nos foi dado este mandamento. No entanto, dois terços da
humanidade continua sem conhecer a Boa Nova do Evangelho e sem ser batizada. É
quase certo que este insucesso tem sua causa na divisão entre os que se dizem
seguidores do Evangelho. Missionários que estão em desacordo entre si, embora façam
apelo a Cristo, não lograrão êxito. A unidade dos cristãos, portanto, está no
cerne da missão da Igreja. Aliás, "o movimento ecumênico teve início, em
determinado sentido, da experiência negativa daqueles que, anunciando o único
Evangelho, se apelavam cada qual à própria Igreja ou Comunidade eclesial: uma
contradição que não podia passar despercebida a quem escutava a mensagem da
salvação." Infelizmente, muitas lideranças de nossas Igrejas ainda não se
aperceberam disso, e continuam com atitudes e práticas proselitistas.
Não podemos esquecer, porém, que
a unidade dos cristãos, antes de tudo é um dom
de Deus que se alcança pela oração. "Se os cristãos, apesar de suas
divisões, souberem unir-se cada vez mais em oração comum ao redor de Cristo,
crescerá a sua consciência de como é reduzido o que os divide em comparação com
aquilo que os une. Se se encontrarem sempre mais assiduamente diante de Cristo
na oração, os cristãos poderão ganhar coragem para enfrentar toda dolorosa
realidade humana das divisões. (,,,) A comunhão na oração induz a ver com olhos
novos a Igreja e o cristianismo." A oração em favor da unidade traz
credibilidade à causa. Nossa oração deve ser de louvor e agradecimento por tudo
aquilo que já foi alcançado. Mas, deve ser principalmente de súplica.
Precisamos pedir em primeiro lugar a conversão pessoal de cada um e de todos
nós, pois "os anseios de unidade nascem e amadurecem a partir da renovação
da mente." Muitos preconceitos e desconhecimentos mútuos nos separam. A
oração tem a força de nos purificar e de nos fazer voltar à verdade evangélica
das palavras: "Um só é vosso Pai." O mesmo se diga quanto a
afirmação: "um só é vosso Mestre e vós sois todos irmãos. A oração
ecumênica descobre esta dimensão fundamental da fraternidade em Cristo que
morreu para derrubar os muros que separavam as pessoas e os povos" (Ef
2.14). Quanto mais nos voltamos para Deus, mais próximos estaremos uns dos
outros. À semelhança dos raios de uma roda. Quanto mais próximos do eixo, mais
junto se encontram.
Nossa oração deve ser também pela
conversão das estruturas que impedem ou obstaculizam o processo da unidade. Sem
dúvida, em nossas Igrejas existem estruturas que clamam por mudanças. Nós
católicos, por exemplo, precisamos fazer significativas mudanças estruturais,
pastorais e canônicas, se quisermos abraçar com sinceridade e seriedade a busca
da unidade entre os cristãos. Entre tantas outras, precisamos repensar as
questões da colegialidade, da participação do laicato e da forma de exercer o
ministério petrino. Estas mudanças não acontecem com simples conscientização.
Temos necessidade de mudar o coração. Precisamos de conversão, fruto da graça
que se alcança pela oração. As Igrejas irmãs, com certeza, também terão que se
converter. Que o bom Deus dê a todos nós, como graça desta celebração, a luz do
discernimento e a coragem da conversão.
Dom Manuel João Francisco
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