Porto Alegre, 31 de janeiro de 2013
Intercessão em favor das
famílias das vítimas do trágico incêndio
em Santa Maria/RS, ocorrido
no dia 27.01.2013
“A alegria fugiu do nosso coração; em lugar
das nossas danças, ficou a tristeza.” Lamentações 5.15
Estimadas Irmãs, estimados irmãos:
Paz e bem!
Convido a todos e todas para que nas
celebrações neste final de semana manifestemos nossa solidariedade às famílias
enlutadas e as encorajemos a confiar na presença consoladora e fortalecedora do
Deus Criador que supera nosso entendimento e nossa dor.
Que em confiança e amor, junto com o
apóstolo Paulo, possamos afirmar: “Pois
eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte,
nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o
presente, nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo. Em
todo o universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso
por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor.” Romanos 8.38-39.
Que movidos pela fé no Cristo ressurreto, o
eco do nosso clamor, de nossas orações, possa conter acordes de esperança.
Nesta semana recebemos várias manifestações
acerca da tragédia ocorrida em Santa Maria. Compartilho com vocês duas
manifestações de ministros da IECLB que traduzem o sentimento de dor de todos
os envolvidos.
O Pastor Dr. Marcos Augusto Armange
escreveu:
“É num clima de imensa tristeza que ontem,
às 17 horas, ocorreu o sepultamento de Fernanda Tischer, uma das vitimas da
tragédia de Santa Maria. Ela era membra da comunidade de Santana, pertencente à
Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Paverama/RS. Seu sepultamento
mobilizou a pequena localidade de Santana, situada nas divisas dos municípios
de Paverama e Fazenda Vila Nova. Estamos todos chocados com a perda da Fernanda
e de tantas outras vidas nessa tragédia; jovens que foram podados de seu
futuro, dos seus sonhos, da alegria de viver. Famílias que buscam explicações e
que choram os seus mortos.
Fernanda tinha 21 anos e concluía o curso
de Medicina Veterinária na Universidade Federal de Santa Maria. Muito
estudiosa, ela se preparava para voltar a Paverama assim que concluísse o
curso, o que deveria acontecer em março. Tinha como objetivo ajudar a mãe Diana
e a irmã Taís (confirmada no ano passado) na propriedade da família. A festa na
boate Kiss almejava arrecadar fundos para a formatura da turma de Veterinária
(e de outros quatro cursos), da qual ela fazia parte. Por isso ela estava lá,
já que não tinha por hábito sair a festas e baladas. Menina de feições muito
delicadas, mas, conforme colegas que prestaram suas homenagens no sepultamento,
uma guerreira quando se tratava de lutar por causas sociais que julgava justas.
Há cinco anos ela perdera o pai num acidente em uma construção/reforma de casa.
Essa é a segunda perda da família Tischer. No velório, centenas de pessoas
vieram expressar solidariedade à família e prestar suas últimas homenagens à
menina guerreira.
Estamos todos chocados com a tragédia e
comovidos com a perda da Fernanda. É nesse clima de tristeza em que as palavras
parecem perder força e significado, que todos nós nos despedimos dela.
Lembramos neste difícil dia das palavras do salmista: “Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a
minha esperança. Só ele é a minha rocha, e a minha salvação e o meu alto
refúgio; (...) Confia nele (...), em todo o tempo; derramai perante ele o vosso
coração; Deus é o nosso refúgio” (Sl 62. 5-8). Peço que a comunidade
luterana ore pela família Tischer que necessita de apoio e força para se
recuperar de mais uma tragédia. Que Deus esteja conosco”.
O Pastor Robson Neu escreveu:
“Graça e paz! As palavras do Segundo
Testamento previstas para hoje, 30 de janeiro, nos lembram: "quem és tu, ó homem, para discutires
com Deus?!" (Rm 9.20) Esta palavra tem me acompanhado e tocado
profundamente nos últimos dias. Escrevo para compartilhar da tristeza a que
fomos submetidos desde o domingo à tarde. Diante da tragédia em Santa Maria, no
domingo à tarde fiquei sabendo que minha afilhada e também prima Bruna Neu
estava entre as vítimas. Bruna é filha do meu tio Claúdio Neu e da minha tia
Gládis Ziztmann Neu. O tio Cláudio é o irmão mais novo do meu falecido pai.
Eles moram no interior de Agudo, na Linha das Pedras. A Bruna fez 18 anos no
dia 31 de dezembro e estava finalizando o 1º ano técnico de engenharia de
alimentos, em Santa Maria. Ela estava na festa porque a sua turma era quem
promovia o encontro, a fim de levantar fundos para a futura formatura.
No domingo à noite, após os cultos,
dirigi-me a Agudo. Passei a madrugada no velório e na manhã de segunda-feira,
às 8h30min, ocorreu o enterro no cemitério municipal de Agudo. Foi um velório
coletivo. Ao lado da Bruna, estava sendo velado o namorado dela e o irmão
deste. E o 4º corpo era do melhor amigo deles. Era uma cena muito triste,
especialmente a dor dos pais destes jovens. No interior de Agudo houve mais
enterros, inclusive um parente mais distante, por parte de minha mãe. Este foi
enterrado em Ibarama.
A cena mais forte e que me marcou foi
quando fechamos o caixão da Bruna. Naquele momento, meu tio levantou as mãos e
exclamou: "Agora são só as lembranças, só lembranças, só lembranças!"
Numa frase tão curta, ele resumiu todo o seu sentimento. Para nós, cristãos e
cristãs, sabemos que a morte não tem a última palavra. A ressurreição continua
sendo a nossa esperança. Mas também sabemos que a dor da perda é imensa,
especialmente em casos como este.
Confiante de que a Bruna, bem como todos os
demais jovens, descansam nos braços ternos de nosso Deus. Pedimos em oração que
Deus, o Senhor sobre a vida e a morte, apascente os corações de todos os
familiares enlutados por esta tragédia. Amém!”
O Pastor e Professor Roberto Zwetsch nos
desafia a uma reflexão e ação que entendo como fundamentais neste momento:
“Nesse momento em que tantas famílias
sofrem um luto desesperado, quase sem volta, como falar de esperança? Como
acompanhar estas pessoas de modo a respeitar sua dor, mas ao mesmo tempo
inspirar-lhes amor, carinho, esperança, verdadeiro consolo e conforto? Como não
sucumbir diante da desgraça?
Temos muito pela frente nas próximas
semanas. Esta dor provocada da forma mais absurda e – deixem-me dizer –
irresponsável ainda irá nos acompanhar por muitos dias. Vamos precisar nos
apoiar mutuamente, familiares, amigos, amigas, sociedade civil, comunidades de
fé, grupos voluntários. A meu ver, será necessário exercitar a compaixão do
modo mais terno, concreto e criativo possível. Para que não venhamos a sucumbir
como se tudo fosse um castigo, de resto imerecido e brutal”.
Estimados Irmãos e Irmãs! Temos muito
pela frente!
Oremos a Deus para que conceda forças a
todas as famílias que perderam seus filhos e filhas, irmãos e irmãs, amigos e
amigas, para que possam enfrentar este momento tão difícil de luto, dor,
separação.
Oremos a Deus pelos jovens que estão
hospitalizados, pelos seus familiares, pelos médicos que deles cuidam, para que
possam se restabelecer.
Oremos a Deus para que sensibilize, inspire
e desafie autoridades, instituições, igrejas, a desenvolverem ações de
solidariedade, amor e justiça que promovam a vida, a paz, de tal forma que
tragédias como esta nunca mais aconteçam!
Na paz de Cristo,
P. Dr. Nestor P. Friedrich
Pastor Presidente
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