terça-feira, 1 de outubro de 2013

Outubro - Mês da Reforma - Katharina Von Bora



KATHARINA VON BORA - MULHER RESOLUTA E CRIATIVA!

A sra. Katharina von Bora foi uma mulher resoluta e criativa. Porque se afirmar isso da esposa de Martin Luther? Ora, porque ela administou com extrema criatividade o salário que seu marido recebia como professor da Universidade. Isso não era tão fácil porque sua família era grande; porque sempre recebiam muitos hóspedes e porque a casa onde moravam tinha muitos cômodos.

Houve um dia em que Martin Luther prometeu dar 50 florins à sua esposa, caso ela lesse a Bíblia de capa a capa. Naquela época podia-se comprar dois barris de vinho com esse dinheiro. Com essa soma um Pastor de Comunidade também poderia sobreviver durante meses. 

Sabe-se que Katharina von Bora era uma mulher piedosa e versada em Teologia. Talvez por isso que ela nunca exigiu essa quantia de seu esposo, depois de ter lido toda a Sagrada Escritura. 

Noutro momento o Cardeal Albrecht, da cidade de Mainz, lhe ofereceu os mesmos 50 florins em reconhecimento pelo seu engajamento no trabalho, ao lado do esposo. Martin Luther a proibiu de aceitar aquela oferta. Katharina fez de conta que obedecia. Quando seu marido se afastou, ela acabou aceitando o presente de bom grado.
Katharina era versada em Finanças
Hoje em dia se gosta de definir Katharina von Bora como uma mulher que carregava pesada carga sobre os seus ombros e isso, tanto como dona de casa, quanto como mulher engajada no trabalho comunitário. O fato é que a ex-freira tinha prazer em participar das rodas de conversas teológicas que aconteciam em sua residência. 

Sabe-se que ela era a única mulher que participava dos diálogos teológicos que Martin Luther organizava com seus alunos e com seus colegas professores, em torno da mesa, na sala de estar. Lamentavelmente todos os seus comentários foram removidos das atas que se faziam durante aqueles encontros. O próprio Martin Luther não guardou nenhuma das inúmeras cartas que sua esposa escreveu. Os “panfletos maldosos” que foram escritos no sentido de menosprezar a “freira fugitiva” testemunham, por si só, que Katharina vivia uma vida extremamente engajada junto com seu marido.
Katharina von Bora naceu em família pobre. Foi por isso que, aos cinco anos de idade, foi encaminhada a um Convento Beneditino. Seu pai era viúvo e deixou pouco dinheiro no Convento para acomodá-la ali. 

Com dez anos de idade ela se juntou a outra Ordem Religiosa e, lá, aos 16 anos, firmou seu compromisso como freira da Igreja Católica. Aoprendeu a ler e a escrever naquele Convento. Era uma época em que apenas 5% da população sabia fazer isso. 

Foi por esta razão que, mais tarde, ela foi capaz de ler as cartas que seu marido escreveu sobre temas teológicos difíceis tais como Santa-Ceia - por exemplo. O tempo de convento também lhe promoveu a sabedoria de como gerenciar uma mansão, jardins e campos cultivados. Mais do que isso, ela também aprendeu como organizar uma boa refeição.
Martin Luther vivia sob “rédeas curtas”
Katharina von Bora tinha consciência que seu marido, o “grande teólogo”, entendia pouco ou quase nada da administração de dinheiros. O casal teve três filhas e três filhos e morava numa casa enorme que mais parecia um castelo. Ali, antigamente, tinha funcionado o Convento Agostiniano de Wittenberg. A referida casa lhes foi presenteada quando do seu casamento por um Príncipe Saxão. Ora, tudo aquilo tinha que ser gerenciado.

Katharina von Bora era consciente de que não carregava nenhuma nobreza e que se casara com um Professor de Teologia. Isso já era alguma coisa na sociedade de então. Assim, ela assumiu as regras do jogo social, sempre se colocando ao lado do marido quando ele falava em público; sempre respeitando o fato de que seu marido, assim como todos os homens casados da época, tinha o "direito de supervisão" sobre a gestão financeira.  Chamava-o de "senhor" diante das outras pessoas. Tratava-se de um "faz de conta" porque, na realidade, nestas questões, Katharina von Bora levava o seu Martin Luther com “rédeas curtas”.
Esse engajamento gerou “faíscas”
Katharina von Bora sempre atuou com um elevado grau de autonomia no seu matrimônio. Ela administrava uma Casa de Estudantes com até quarenta moradores; se ocupava com uma Enfermaria e com um Jardim de Infância; dava conta de administrar galinhas, cabras, vacas, cavalos, tanques com peixes e três grandes jardins. Mais do que isso, cuidava duma pequena roça, onde produzia grãos e zelava por um pomar, onde cultivava pêssegos. No meio disso tudo, também dava conta do Antigo Convento. 

Se a comparamos com a esposa de Melanchthon, esta só se ocupava com um pequeno Canteiro de Chás. Ao longo dos anos, a família Luther adquiriu uma pequena propriedade em Wittenberg onde Katharina também se desgastava com trabalho braçal. Com tanto engajamento só podia sair faíscas do relacionamento entre a "sra. Käthe e Martin". Estas pequenas "rusgas" fizeram com que Martin acabasse se retirando para dentro do seu gabinete e deixando a sua esposa solta, ocupada com seus afazeres.
Martin Luther colocou Katharina em seu testamento como a única herdeira e guardiã de seus filhos. Isso contradizia a lei saxónica e foi por isso que, após a morte de Martin Luther, Katharina foi em busca da assinatura do Príncipe para fazer valer aquele documento. Mesmo assim, ela precisou enfrentar dificuldades financeiras. A sua propriedade foi bastante danificada quando da Guerra de Smalkalden, entre 1546-47 e o velho prédio perdeu muito do seu valor.  

Katharina Von Bora
fugiu da praga da peste que assolou a Alemanha se refugiando em Torgau, assim como muita gente de Wittenberg. Foi lá que esta corajosa mulher veio a falecer por causa de um acidente.

Texto postado no Blog do Pastor Renato Becker

Um comentário:

  1. Não devemos deixar passar em branco que ela era mestre cervejeira do convento.Na época na Alemanha a quase totalidade da cerveja era feita em mosteiros e abadias.Fazia uma cerveja muito boa, que é fabricada em muitos lugares da Alemanha e em algumas cervejas artesanais no Brasil, uma "double large weiss" e que o nosso Reformador tomava, em casa, naquelas canecas, de estanho, usadas a espoca.Tem um cervejeiro artesanal, de Imbituva, PR,que fabrica este tipo de cerveja, e já ganhou vários prêmios em concursos nacionais e internacionais com ela. Tem o sugestivo nome de "Bora Bier".
    Ricardo Goerl

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