Uma igreja da reforma sempre vive em reforma
Somos profundamente gratos a Deus
pela vocação com a qual ele nos agraciou e através da qual ele nos chama para
sermos dele e para ele. Somos igualmente gratos que esta acolhida de Deus acontece
na vida em comunidade e temos o privilégio de vivê-la no âmbito da Igreja
Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), à qual pertencemos, na qual
atuamos e com cuja profissão de fé nos identificamos (Constituição da IECLB
art. 5º). Ela aponta para a graça em
Cristo que é recebida em
fé, está baseada
nas Escrituras, é
vivida em comunidade
e se expressa
no testemunho e na vida em sociedade.
Como herdeiros da reforma,
afirmamos e praticamos o sacerdócio geral de todos os crentes. Por isso
buscamos engajar os membros do corpo de Cristo no serviço na igreja de acordo
com os dons que receberam do Espírito Santo. Afirmamos o serviço missionário e
diaconal como forma de viver e proclamar o evangelho integral.
Ao vivermos a nossa vocação no
âmbito da IECLB, percebemos sinais que nos preocupam e para os quais
queremos chamar a
atenção. Ainda que
inconformados com isto,
reiteramos nosso compromisso com
o testemunho de fé dos
reformadores (Catecismo Menor
e Confissão de Augsburgo). Queremos buscar por espaços
para viver esta convicção de fé e chamar a igreja a voltar para ela.
Entre as nossas preocupações,
destacamos os seguintes aspectos:
1. Vivemos
numa igreja que
está se apequenando
e se tornando
irrelevante no contexto religioso e social brasileiro;
2. Estamos preocupados com a aceitação do ensino
de que muitos caminhos levam a Deus,ou seja, que nega a exclusividade
de Cristo;
3. Percebemos que se vivencia hoje na igreja uma
relativização da autoridade das Escrituras;
4. Apontamos
também para a
relativização da ética
que desestrutura e
desfigura especialmente a
família. Este cenário
gera posições confusas
e até ambíguas
na IECLB quanto à
sexualidade humana. Estas,
por sua vez,
se refletem na
insegurança e incapacidade de comunidades e
ministros tratarem a crise do casamento e da família;
5. Experimentamos um
desempoderamento das nossas
comunidades locais e,
ao mesmo tempo, uma centralização que
coloca as comunidades a serviço da estrutura e as cerceia,bem como seus ministros, em torno
de uma uniformidade de atos, gestos e ritos;
6. Inquieta-nos a crise vocacional e missionária
na igreja.
À
luz destes sinais
preocupantes que descaracterizam nosso
próprio jeito histórico
de ser igreja evangélica, reafirmamos a nossa fé e
gestamos um renovado compromisso em torno das seguintes afirmações:
1. Cremos
que Cristo é
o caminho, a
verdade e a
vida, a revelação
definitiva e suficiente de Deus (João 14.6);
2. As Escrituras são a nossa norma de fé e vida
e de ministério, que se interpreta a si mesma, assim como afirmado pelos
reformadores (1Coríntios 15.3-4);
3. A
fé cristã se
vive em comunidade
fraterna que recebe
e interpreta a
Palavra, e,ainda que formalmente autônoma,
vive em parceria com outras comunidades irmãs e serve a Deus em seu contexto
(Filipenses 2.1-4);
4. A fé é dom gracioso de Deus que implica em
obediência individual e coletiva. Cada cristão é chamado a obedecer ao
mandamento de Deus em todos os âmbitos de sua vivência (Gálatas
5.24). No âmbito
comunitário cremos que a
obediência produzuma prática missionária de
natureza evangelística e diaconal (Atos 1.8).
Nós cremos que a Igreja precisa estar constantemente comprometida com
a vivência e pregação do Evangelho que gera uma igreja contextualizada, aberta
e acolhedora.
Encontro de Obreiros do Movimento Encontrão
Florianópolis, 14 de agosto de 2013
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