Não posso afirmar com total
certeza, mas suspeito que hoje é um dia especial! Não sabemos ao certo se foi
nesta data, mas, ao que parece, no dia 20
de junho de 1520 foi divulgado pela primeira vez um dos textos mais famosos
do protesto de Lutero para Reforma da Igreja e Sociedade. O escrito intitulado “À
Nobreza cristã da Nação Alemã, acerca da melhoria do Estamento Cristão”
foi um marco no protesto de Lutero e seus pares. Desenvolvendo com mais
especificidade a Reforma, o texto propunha uma mudança que viria a transformar
todo o curso da história medieval e moderna.
O texto ao qual me refiro é um
importante aporte para o tempo político e social que vivenciamos atualmente no
Brasil. Tal como hoje, na época de Lutero havia um crescente descontentamento
com o domínio e a exploração do poder. Os governantes e a elite defendiam
apenas seus privilégios. O povo, por sua vez, vivia à mercê de sua própria sorte.
Restava-lhes apenas o clamar pela “providência” divina!
O protestante Martim Lutero foi
extremamente crítico em suas posições políticas, religiosas e sociais. Mas, de
modo algum foi vazio, evasivo ou apenas eufórico e emotivo (como num fogo de palha!). Antes, seu
protesto era consistente e permeado de argumentos plausíveis. Sempre, em todos
os seus escritos e posicionamentos, Lutero propunha mudanças e melhoramentos
concretos para a vida da população.
Tal como nos dias de hoje, Lutero
e seus companheiros, amigos e parceiros de protesto, sabiam da urgência e emergência
de mudanças drásticas. Em suas colocações e manifestações trataram de lembrar
aos políticos, aos nobres e ao povo em geral que “todos” temos deveres a
cumprir. Temos obrigações enquanto membros da sociedade na qual vivemos. Para que
haja mudança, deve haver posturas reformistas em todos os níveis: sociedade, política,
família e individuo.
O Reformador Lutero, líder dos
protestos iniciados em 31 de outubro de 1517, chamou, convocou e conclamou a
todas as pessoas para pensar, fomentar e criar iniciativas de real mudança e
melhoramento. Ninguém – repito – ninguém, deveria omitir-se diante da crise e
muito menos abdicar de sua tarefa pessoal e intransferível no processo de
consolidação da vida plena, justa e fraterna.
Devemos nos espelhar no movimento
protestante do século XVI para, corretamente nos afirmar nos movimentos de
protesto do século XXI aqui no Brasil. Lutero era contra o privilégio que
alguns tinham, em contraposição ao desprestígio que a grande maioria sofria.
Ele apontou clara e diretamente o que deveria ser melhorado, reformado e
transformado na Igreja, na política e na sociedade (uma vez que, em sua época, não
havia separação tão clara entre estas esferas).
No texto de Lutero, anteriormente
referido, de forma clara e concisa, são apontadas 27 propostas de melhoramento
para a sociedade da época. O objetivo do texto é luzente: quer mudar o que não está
bom, abolir o que não serve e transformar o que precisa ser restaurado. Aquilo que
não é aceitável para uma vida justa, não deve ser tolerado nem pelos
governantes, nem pela população. Lutero quer que haja justiça clara diante das
pessoas humanas, de modo que isto reflita, pelo menos um pouco da justiça que
Deus almeja para seus filhos e filhas. A vida plena somente haverá no Reino
Eterno de Deus. Mas, já devemos aqui e agora labutar em prol de vida digna para
todas as pessoas.
Para os protestantes dos dias
atuais; para aqueles e aquelas que movimentam o povo nas ruas e na internet,
fica a dica: façamos propostas concretas! Sejamos claros em nossas proposições!
Precisamos organizar nosso pensamento e nossas sugestões para que nossos
governantes atuem em favor do povo. E nós devemos contribuir também. Nossas posturas
pessoais devem refletir o que pensamos ser o correto
Lutero, mesmo que quase 500 anos
depois, ainda tem muito a nos ensinar sobre o que é, verdadeiramente, “protestar”!
Ministro Candidato Marcelo Peter
Pato Branco/Sínodo Rio Paraná
Matéria publicada no BLOG Rascunho de Ideias e autorizada pelo autor para ser compartilhada no BLOG e SITE do Sínodo Planalto Rio-Grandense.
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