Numa
sexta-feira tudo havia se consumado. Um homem havia sido pregado numa cruz no
meio de outros dois. Pregados suas mãos e seus pés. Cansado da tortura, das
chicotadas, do peso da cruz que carregava pelas ruas, grita: “Meu Deus, meu
Deus por que me abandonaste?” Só carregando sobre si uma carga que não era sua
e morrendo a morte dos outros...
Condenado
por quê? Por ensinar a viver de uma outra forma, por convidar pessoas a viverem
junto a Deus, por pregar o amor e a esperança, por estar próximo das
necessidades humanas, por amar as pessoas fracas, por abraçar os enfermos, por
perdoar os pecadores, por acender a fé na vida dos desesperados.
Crucificado
por quê? Por não negociar com o poder corrupto e nem ceder diante da força
brutal; por ser coerente com sua mensagem de um Reino de justiça, de paz e não
violência; por ser simples e humilde diante dos soberbos e orgulhosos; por não
calar o que devei ser dito.
Morto
por quê? Por cada ser humano disposto a se deixar tocar pela misericórdia de
Deus. Morto por amor ao ser humano.
Quando
lembramos a história da paixão de Cristo, nos comovemos. Cada vez que dela nos
aproximamos, nos estremece a fé e o amor de Deus é revelado em Jesus. Jesus
morreu por nós, sem que o merecêssemos. Sua vida inteira foi uma entrega, sem
pausa, para que pudéssemos estar perto de Deus. Porém foi um caminho tortuoso.
No caminho do calvário Jesus foi traído, abandonado, martirizado.
- Tenho
sede! Disse Jesus.
- É
tua hora de solidão. O cálice que deves tomar para o bem da humanidade, ninguém
mais poderá beber. Disse Deus.
- Pai,
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. Diz Jesus.
- Não
creias que é o fim. Depois da cruz, haverás mudado a história da humanidade.
Disse Deus.
E
Jesus entrega sua vida nas mãos de Deus. A morte de Jesus acendeu uma luz e
rompeu a noite. Era o começo de um novo dia.
Era
chegada a hora. Não se podia deter o tempo. As trevas cobriram a terra às 3
horas da tarde. A cortina do templo é rasgada! Está consumado. Seus discípulos
o abandonaram: um traiu por moedas de pratas, outro o negou 3 vezes, os demais
se esconderam... Acaso teríamos agido diferente? Quantas vezes temos negado ao
nosso Senhor? Quão distantes estamos da cruz hoje em dia?
Diante
da covardia dos que até então lhe tinham sido fieis, vitima do complô do poder
religioso e do poder político, tudo parecia ter sido esquecido: sua mensagem,
seus gestos, seus milagres... Jesus finalmente chega à cruz: colocados os
pregos na madeira, crucificam o amor e a alegria. Tentam imobilizar as mãos que
os ofereciam cura e carinho. Tentam parar os pés que caminhavam junto a Deus,
que nos ofereciam um novo futuro, que os colocava nos caminhos da esperança!
Coroado com espinhos; suas mãos pregadas na madeira, seus pés feridos, seu corpo
ensangüentado... Porém vivo o seu amor. Condenado à morte, se oferece por cada
ser humano.
O que
nós entendemos de tudo isso? Qual o delito de alguém que só buscava o bem e que
só falava a verdade? Qual o delito daquele que dava vistas aos cegos, que fazia
os surdos ouvir, que levantava os caídos e animava os cansados?
Senhor,
o que se passa com os seres humanos? Era este o fim que anunciavas aos seus
discípulos quando caminhavas com eles e os chamava de amigos? É este o Reino de
Deus? Por que corremos todos; porque nossa fé se enfraquece? Por que tantas
vezes te deixamos só e te negamos? Por que temos medo? O que acontecerá agora
Jesus? Havia na cruz uma resposta? Havia ali alguma mensagem?
“De fato a mensagem da morte de Cristo na cruz
é loucura para os que estão se perdendo, mas para nós, que estamos sendo
salvos, é o poder de Deus”.
Pastora Daniela Lamb
Ministra da Paróquia do Xingu
Sínodo Planalto Rio-Grandense
Dulce Engster Vale à pena ler, foi muito sabia a colega ao escrever este texto!
ResponderExcluirMuito linda reflexão!
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