Sínodo Planalto Rio- Grandense.
Texto: Filipenses 1. 3-11.
Saudações em nome da Presidência e de toda a equipe da
Secretaria Geral.
Vivo um momento em que se misturam dois sentimentos, em doses
iguais:
1.
Tremor- acompanhei a história do Sínodo
Planalto Rio- Grandense em seus primeiros nove anos de existência. Sou
testemunha das aparentemente intermináveis perguntas que se acumulavam, sem que
se tivessem respostas muito claras. Era preciso buscá-las, pois elas não
estavam armazenadas em nenhuma gaveta: nem na comunidade, paróquia, sínodo e
administração central da IECLB. Por isso mesmo, olhando para trás e vendo a
caminhada de 15 anos, onde tanta coisa já se construiu na IECLB toda e no
Sínodo Planalto Rio- Grandense, tremo diante do risco de achar que isso é mérito
de pessoas que ajudaram a construir essa história. Tremo diante desse risco,
pois poderia facilmente esquecer o que o próprio reformador Martim Lutero tanto
insistia: o centro não sou eu, não somos nós, mas o Cristo crucificado e
ressurreto.
Tremo diante do risco de me achar no direito, como ex-pastor
sinodal, de dizer a essa diretoria que hoje é investida em sua função, como
devem agir para fazerem a coisa certa. Tremo diante desse risco, pois poderia
estar não lembrando a fundamental lição: Deus
é quem distribui talentos e dons e chama pessoas a exercerem seu ministério na
Igreja no lugar onde estão e com as potencialidades que tem.
2.
Gratidão- esse é o segundo sentimento que está
comigo hoje. Mais uma vez, olhando para a história do Sínodo Planalto
Rio-Grandense e da IECLB nesses últimos 15 anos, só posso sentir e expressar
gratidão. Ainda há muito o que caminhar. Somos Igreja, constituída por pessoas
pecadoras e sempre carentes da graça e da misericórdia de Deus. Mas olhamos
para a história até aqui construída e só podemos dizer: jamais poderia ser
meramente construção humana- é fruto da graça e do amor de Deus.
Olhando para o que membros, presbitérios, diretorias de conselhos
sinodais e conselhos sinodais tem conseguido construir nessa caminhada, só
podemos falar como fala o apóstolo Paulo no versículo 3: “dou graças ao meu
Deus por tudo o que recordo de vós”. Só
podemos falar de gratidão com a mesma emoção com que o apóstolo fala em nosso
texto, vendo o quanto tantas pessoas se dedicam à causa da IECLB de forma
voluntária, investindo tempo, talentos e recursos. Desde a comunidade até a
administração central. Na Secretaria Geral estamos aprofundando mais e mais a
experiência de construirmos propostas, em torno dos grandes temas e desafios da
Igreja, através do diálogo em grupos constituídos por lideranças
representativas de todas as áreas de nossa Igreja. E somos surpreendidos, a
cada momento, com o interesse, a disponibilidade e a dedicação com que pessoas
se dispõem a abraçar esse desafio. Sejam elas ministros ordenados e ministras
ordenadas, ou lideranças leigas. E isso não tem outra explicação, a não ser pela ação graciosa da mão de Deus.
Não por último, sinto gratidão por poder estar aqui, tendo
sido convidado, pregando na comunidade onde também estão minhas raízes, e na
qual Deus me permitiu servir, apesar de minhas falhas e imperfeições. E se
expresso essa gratidão, faço-o na emoção de sentir os braços de todos e todas
vocês que tem sido os braços de Deus carregando a mim e minha família, no tempo
de provação que enfrentamos e continuamos enfrentando devido ao meu estado de
saúde. Peço licença para agradecer publicamente à Gilda por sua paciência,
persistência e dedicação fiel. Tudo isso também não seria possível se
dependesse apenas de nossas próprias forças. É graça pura de Deus e não mérito
nosso.
Mas o apóstolo Paulo diz mais em nosso texto, e quero deixar
que também essas palavras a mais nos acompanhem neste culto festivo. Nos
versículos 9 a 11 ele expressa um desejo: “... que o vosso amor aumente mais e
mais em pleno conhecimento e toda a percepção, para aprovardes as coisas
excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, cheios do
fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de
Deus”. O apóstolo faz muitos elogios aos
membros da comunidade de Filipos, e os faz com razão. Mas não é ingênuo ao
ponto de achar que os filipenses estão com todas as questões resolvidas. Ele
sabe que esse grupo de cristãos está cercado de desafios e ameaças à fé. Mais
adiante na carta ele aponta para o exemplo de Cristo, a ser seguido: humildade,
serviço, não querer se colocar no lugar de Deus, abrir mão do que é seu. E se o
apóstolo aponta para esse exemplo, é porque ele percebeu que os perigos do
orgulho, da projeção pessoal, da necessidade de destaque, da recompensa pela
dedicação à causa do Evangelho estavam presentes na vida comunitária. Mais
adiante, o apóstolo alerta contra as falsas doutrinas.
Assim como a gratidão pela caminhada da IECLB no Sínodo
Planalto Rio-Grandense e pela alegria de, mais uma vez, investirmos uma
diretoria do Conselho Sinodal nos trazem alegria, o alerta nos desafia a
prestarmos especial atenção para a caminhada que está diante de nós. Seguindo o
exemplo de Cristo, olhemos para o nosso ser membro da Igreja, seja como membro,
presbítero ou presbítera, ou em qualquer cargo de liderança como a grande
oportunidade de servir como resposta ao amor de Deus por nós. Estejamos atentos
às falsas doutrinas que ameaçam a estabilidade da nossa fé. Elas nem sempre são
as que estão fora do âmbito da Igreja e que facilmente identificamos na mídia,
no mercado religioso, na verdadeira parafernália de ofertas, doutrinas e
filosofias. As falsas doutrinas estão às vezes muito mais perto de nós do que
imaginamos, e nem sempre as percebemos de imediato. Elas se mostram quando
movimentos na IECLB disputam poder e se dizem os únicos que levam à salvação,
esquecendo de que há apenas um que nos leva para esse caminho, e ele se chama
Jesus Cristo. As falsas doutrinas que ameaçam a estabilidade da fé se mostram,
quando entramos numa lógica de mercado e de uma teoria da retribuição, que nos
diz que tudo o que fizermos pela Igreja merece uma recompensa, seja por uma
menção honrosa, por pagamento ou, até mesmo, em forma de um dádiva divina.
Caras irmãs, caros irmãos. Lembramos os 15 anos de existência
do Sínodo Planalto Rio- Grandense. Investimos em seus respectivos cargos os
novos integrantes da Diretoria do Conselho Sinodal. Fazemos isso com tremor,
pensando em nossas limitadas capacidades como seres humanos. Somos embalados
pela gratidão diante da constatação de que a graça de Deus, e somente ela,
permite que vivamos o presente, lembremos o passado e sonhemos com o futuro.
Deixamos nos alertar pela presença de Deus para que as falsas doutrinas não abalem
a nossa fé no trino Deus, estejam elas longe ou muito perto de nós.
E que possamos continuar buscando com perseverança na palavra
de Deus a inspiração para viver uma vida cheia do fruto da justiça, que só
Jesus Cristo pode produzir em nós, para honra e louvor a Deus.
Amém.
P.
Erni Drehmer - Secretário do Ministério com Ordenação
Pastor
Sinodal no SPRG (1997 - 2006) e Pastor na Comunidade Evangélica de
Carazinho
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