segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Parabéns, pastoras da IECLB!


Nos dias 13 a 15 de novembro aconteceu um dos mais emocionantes eventos da caminhada recente da igreja luterana (IECLB) no Brasil. As pastoras, diáconas e ministras de todos os ministérios ordenados participaram, em Curitiba, das celebrações pelos 30 anos do ministério ordenado de mulheres na igreja luterana.

Quando falo em luterana, refiro-me, com apaixonado orgulho, à IECLB. Nossa irmã luterana de origem norte-americana, com as iniciais IELB, não tem mulheres pastoras e não quer nem conversa sobre este assunto. É uma pena. Não sabem o que estão perdendo. Acho até que é mais provável que as duas maiores igrejas luteranas brasileiras um dia participem de uma rodada de comunhão na forma de corpo e sangue de Cristo, do que a IELB algum dia abrir mão do seu machismo histórico e aceitar mulheres pastoras.

Mas este não é o momento para polemizar com os irmãos da IELB. A IECLB está em festa. As pastoras da IECLB estão em festa! E ouso até dizer que nem é tanto o caso de diáconas e diaconisas, e de professoras catequistas e missionárias, que participam do ministério desde os primórdios. A festa mesmo é das nossas pastoras. Elas abriram um caminho belo, florido, espetacular na história da igreja cristã.

Sei. Mais uma vez, tudo começou na Europa, onde as mulheres luteranas conquistaram os primeiros postos de pastoras e de bispas nas igrejas de lá.

Mas a nossa IECLB não ficou atrás. Ousou, permitiu que tudo fosse acontecendo, sem impor ou regular, opor ou determinar. Tudo foi fluindo num jeito maravilhoso e, o que é ainda maior motivo de júbilo, com pouquíssima resistência. Rita Panke, minha companheira de Coral do Morro em São Leopoldo, foi a primeira a ir para uma paróquia. Edna Mogga (hoje Raminger), a primeira mulher ordenada pastora na IECLB, foi minha colega de turma na Faculdade de Teologia.

Fizemos história juntos, estudantes homens e estudantes mulheres, num tempo repleto de mentes inovadoras e corajosas, sob o mesmo teto e sem perceber o que de grandioso estávamos edificando ali. Hoje é gratificante olhar para trás e ver o tamanho do edifício... Valeu Rita, Edna, Mariane, Marlise, Gisela, Nilve (In Memoriam)... as primeiras a mergulhar de cabeça num mundo 100 por cento masculino e estruturado por homens. Vocês mudaram a face da igreja! E ela ficou muito mais rica, bela, suave, carinhosa.

Os pastores homens, que eram a esmagadora maioria do poderio eclesiástico da IECLB há menos de 30 anos, nunca mexeram um dedo para impedir este espetacular avanço. Bonito! Eles viram tudo acontecer, sem ressentimentos, medos ou rejeições. As colegas pastoras que foram chegando nas paróquias foram acolhidas de braços abertos, encantando as lideranças e os membros.

Por isso mesmo, só há motivos para comemoração. A nossa IECLB deu de goleada na maioria das igrejas históricas, como a intransigente Igreja Católica ou a irredutível IELB. Estamos há anos-luz à frente deles. A nossa jornada pioneira arregimentou um respeitável contingente de 350 mulheres pastoras, catequistas, diáconas e missionárias. Elas são 25 por cento do total de 1.220 pessoas ordenadas aos quatro ministérios válidos na IECLB.

A tendência é que este número aumente, pois entre os estudantes de teologia as mulheres já representam a metade dos postulantes ao ministério ordenado. É um tsunami do bem, que renova os ares da IECLB e a moderniza em ritmo de século 21. Parabéns mulheres ativas no ministério ordenado da IECLB! Parabéns também àquelas muitas que contribuíram no processo e não estão na ativa, mas ajudaram na reflexão e no mutirão que promoveu esta magnífica história de valorização da vocação em nosso meio. Parabéns IECLB, por este processo histórico tão rico e bonito.

Postado por Clóvis Horst Lindner
http://clovishl.blogspot.com.br/

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