Estamos entrando em mais uma
Semana da Pátria. Esse fato, aliado à proximidade das eleições municipais, nos
faz pensar sobre nossa contribuição para o bem-estar de nosso país, de nosso
estado e de nossas cidades.
Por muito tempo, a postura com
relação à direção do país ou de estados e municípios perpetuada na comunidade
cristã era de respeito e obediência, pois essas autoridades são instituídas por
Deus. Sim, os e as governantes recebem de Deus a sua autoridade para governar.
Isso já era ensinado pelo apóstolo Paulo (Rm 13.1-7), que também nos instrui a
orar pelas autoridades, para que tenham sabedoria para fazer o melhor pelo povo
(1Tm 2.1-3). Porém, o indicativo de ser instituído por Deus, traz o imperativo
de que este governo sirva à vontade de Deus em seu mandato.
Paulo sabia que o governo de sua
época, centrado nas mãos do Imperador Cézar, era tirano e oprimia o povo, ao
invés de buscar o seu bem. Por isso, quando Paulo pregava “Jesus é Senhor”,
isso não deixava de significar também o inverso: “Cézar não é Senhor”,
portanto, não deve ser cultuado. Onde o reinado de César se opõe ao de Cristo,
deve haver mudança.
Assim, também a postura de
respeito às autoridades não deve conduzir à conformidade cega e ao descompromisso
para com o lugar onde se vive. A pessoa cristã reconhece na figura dos e das
governantes um instrumento de Deus para a realização de sua vontade. Mas,
também reconhece na pessoa de Jesus Cristo a vontade de Deus expressa da forma
mais compreensível e amorosa. Ele é o espelho para avaliarmos a condução de
nossa nação em seus diferentes âmbitos.
Martim Lutero afirmara que toda
pessoa cristã recebe um chamado para testemunhar o amor de Deus ali onde ela se
encontra. Em sua profissão, em casa, na escola, na rua, a pessoa cristã
participa da construção do Reino de Deus, através de suas atitudes, de sua vida
em comunidade, da maneira como se relaciona com as pessoas e com a criação.
Não obstante, também as pessoas
que exercem cargos de liderança foram vocacionadas por Deus, receberam dele o
chamado para empenhar-se e trabalhar em prol do povo. Aí percebemos que também
para quem administra o bem público é necessário formação, planejamento,
preparo, acompanhamento e constante avaliação subsequentes ao chamado.
A Semana da Pátria nos convida a
olharmos para as belezas e riquezas do nosso país. Da mesma forma, a
percebermos como ainda há desigualdade e injustiça social no Brasil. Esta época
de eleições requer de nós que avaliemos o chamado das pessoas que se propõem a
governar nossas cidades, bem como o nosso chamado para participarmos da
promoção da vida como Deus quer (“Procurai a paz da cidade para onde vos
desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz”, Jeremias
29.7)
Que o Brasil não seja somente
“gigante pela própria natureza”, terra onde os campos têm mais flores e os
bosques têm mais vida. Que seja também terra onde se ergue a clava forte da
justiça e onde seus filhos e filhas não fogem à luta por um Brasil melhor.
Candidata ao Ministério Pastoral Beatriz Regina Haacke
Candidata ao Ministério Pastoral Beatriz Regina Haacke
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