Era quinta-feira. O
povo judeu já estava em festa devido a Páscoa. Os próprios discípulos de Jesus
foram a Ele e perguntaram: “onde queres que preparemos a refeição da
Páscoa” (Mt 26.17)? Providenciado o local e arrumado tudo, lá estavam
Jesus e seus discípulos comendo a Ceia. Era tudo muito normal para os
discípulos, a final todos os anos celebravam a Páscoa e se reuniam em trono de uma
ceia para lembrar a libertação do Egito. A ceia desta noite os discípulos mesmo
haviam preparado. Jesus, então, pega o pão, dá graças, o parte e dá um pedaço a
cada um dos seus discípulos, mas inesperadamente diz: “Tomem, e comam, isto é o meu
corpo” (Mt 26.26). Era tradição judaica dar graças pelo pão, reparti-lo
e entregar a todos, mas e aquelas palavras de Jesus? Elas não faziam parte do
ritual, então, por que, Jesus as diz? De que forma aquele pão poderia ser seu
corpo?
Mesmo sem os discípulos compreenderem, a ceia segue e
Jesus logo em seguida pega o cálice, dá graças, o oferece aos seus discípulos e
diz palavras que os deixariam ainda mais confusos: “Bebam dele todos vocês. Isto é o
meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para remissão dos
pecados” (Mt 26.27,28).
Amados, naquelas próximas horas muita coisa iria
acontecer e os discípulos só iriam entender aquelas palavras, mais à frente. E
de fato, todos os acontecimentos nas próximas horas confirmariam as palavras proferidas
na ceia. Portanto, o que aconteceu na ceia?
Naquela
noite Jesus estava fazendo uma aliança conosco. Ele a chama de nova aliança
feita no seu sangue. Jesus estava prestes a derramar seu sangue puro a fim de
buscar o nosso perdão. E Ele não iria morrer por nós e depois nos esquecer. Ele
faria, como fez, uma aliança eterna conosco. Nós podemos ter comunhão com Deus,
ser filhos de Deus, receber a vida eterna, ter a Jesus e ao Espírito Santo como
nossos amigos inseparáveis por causa da sua aliança conosco.
Quando saiu da casa em que foi celebrada a ceia, Jesus se
dirigiu a um Jardim chamado Getsêmani. Lá Ele passou por momentos de terrível
angústia pela hora que vinha se aproximando. Confira a Palavra de Mt 26.36-44.
Todos os discípulos, exceto Judas, foram com Jesus ao
Jardim do Getsêmani. Mas, Jesus levou apenas Pedro, Tiago e João mais adiante
consigo. Ele desabafou dizendo que a sua alma estava profundamente triste, numa
tristeza mortal, que ficassem e orassem com Ele, mostrando o tamanho da sua angústia.
Mas cansados, os discípulos dormem e Jesus fica ali sozinho orando ao Pai. Suas
palavras são: “Meu Pai, se possível, afasta de mim este cálice, contudo, não seja
como eu quero, mas sim como Tu queres”.
Que
cálice é esse? Esse cálice não era nem a dor que sentiria com os açoites e a
crucificação, nem a dor de ser desprezado e humilhado pelo povo, mas sim, era a
angústia espiritual. Ele iria levar os pecados do mundo inteiro e por causa
disso, suportar o juízo de Deus.
Jesus
não pede simplesmente que Deus afastasse dele o cálice, mas se fosse possível, e que não fosse feita a sua vontade e sim a do Pai.
E de fato, não era possível Deus nos salvar se Jesus não se oferecesse por nós
como sacrifício, e como Jesus orou para que o Pai não abrisse mão da sua
vontade, Jesus assumiu a cruz, e, bebeu o mais amargo de todos os cálices, como
nos diz o versículo seguinte:
“Por
volta das três horas da tarde, Jesus bradou em alta voz: ‘Eloí, Eloí, lamá
sabactâni? Que significa: Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”
(Mt 27.45)
O
que representa esse grito de Jesus? Por que Deus abandonou seu Filho bem na
hora mais terrível?
A
Bíblia ensina que os nossos pecados nos separam de Deus (Is 59.2), e que eles
funcionam como uma barreira entre nós e Deus, nos levando pra longe dele e impedindo
que Ele se aproxime de nós. E o que mesmo Jesus assumiu em seu corpo senão
nossos pecados? Portanto, Jesus sofre a separação de Deus, do seu Pai de amor.
Jesus precisa cumprir a sua missão sozinho, e, em meio a tanta dor, recorre as
Escrituras e grita o único versículo que poderia descrever a sua angústia.
Portanto
o que estas últimas 24h de Jesus vêm nos ensinar?
Em
primeiro lugar essas aponta para a gravidade dos nossos pecados. Foram eles que
colocaram Jesus na cruz. Em segundo lugar, mostra como o amor de Deus é imenso.
Porque Deus nos ama tanto a ponto de ter sacrificado o seu precioso Filho,
nunca vamos entender. Deus podia, com toda a sua justiça, ter-nos destruído,
mas Ele nos amou e criou para nós uma vida totalmente nova por meio do sangue
de Jesus. E, em terceiro lugar, mostra que a salvação é 100% presente. Para
Jesus custou muito nos oferecer a salvação, e Ele a oferece a nós de graça.
Este é o presente mais caro que alguém pode receber: o
perdão de seus pecados e a dádiva da salvação.
Que
assim vivamos marcados pela cruz:
“Foi
na cruz, foi na cruz que, a tremer percebi meu pecado castigado em Jesus.
Foi
ali, pela fé, que os olhos abri, e hoje, salvo, me alegro em sua luz.”
Missionária Elfriede Krause - Paróquia da Paz de Ijuí
Nenhum comentário:
Postar um comentário