Iniciamos o mês de março sob o lema: “Jesus Cristo diz: Nisto
conhecereis todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos
outros” João 13.35.
Março é o mês do ano em que
tudo parece voltar à normalidade da vida. Para a maioria, passaram-se as
férias; para muitos pais e mães, um grande alívio. No contexto litúrgico também
temos uma transição: passamos da Epifania para o tempo da Quaresma. Esta
primeira semana ainda carrega, em seu seio, o Dia Mundial de Oração e o Dia
Internacional da Mulher.
Assim como a humanidade dividiu seu tempo em
horas, dias, meses, anos, séculos para marcar a história do mundo, a
cristandade dividiu o ano litúrgico em tempos diferentes para falar do grande
amor de Deus revelado ao longo da história; para contar a cada geração que Deus
é o Senhor da história e nela age e interfere com graça e amor. Dessa graça e
desse amor divino somos chamado ao discipulado. É pelo nosso testemunho que
somos conhecidos ou não. “... se tiverdes amor uns aos outros.” Este é nosso
distintivo no meio de uma sociedade individualista, consumidora, excludente.
Quaresma é o tempo especial, sagrado na
história da cristandade para parar e avaliar este testemunho. Onde o amor cristão
ainda é experimentado? Onde ele (o amor) é a baliza que orienta nossas atitudes
e gestos?
Acompanho semanalmente a ala psiquiátrica de
nosso hospital e saio de lá carregada de dor. A história da grande maioria aponta
para um corte, um vácuo na vida. Experiências de dor pelo amor roubado,
negligenciado, traído são profundas, desestruturadoras.
Nesses dias em que em nossa região faltou chuva para as
plantas, a natureza toda murchou em claro sofrimento, mas foi só chover e tudo
mudou. É incrível como a chuva faz este milagre. Assim é o amor. Precisamos
desse milagroso sentimento para nos potencializar com vitalidade, com forças, ânimo, coragem, afeto para a vida. Amor é um sentimento que se aprende, ou não,
desde a concepção. Precisamos dele, somos carentes, até o fim de nossa jornada.
E nós cristãs e cristãos aprendemos de Jesus que é o grande mestre nesta
restauradora arte.
Num mundo onde o ter, o consumir, o ostentar são o alvo da
maioria das pessoas, viver pela opção do amor é se colocar contra a normalidade
do mundo. Jesus justamente nos desafia a irmos na contramão desta loucura
humana. Jesus nos desafia a ensaiar e vivenciar o verdadeiro discipulado concretizando
o amor em gestos que restauram a vida ferida. Quaresma nos convida ao amor
doação e assim nos prepara para a festa que vem. Amém.
Pa. Dulce
Engster
Paróquia
de Condor/RS
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