“Eis
o meu servo, a quem sustento, o meu escolhido,...” Isaías 42.1-7
Justiça é, sem dúvida, uma palavra muito
comum no vocabulário do povo brasileiro. Fala-se muito em justiça. Diante do
crescimento da criminalidade, cresce o número de pessoas vitimadas e com sede
de justiça. A própria repercussão na mídia em casos cruéis faz com que toda a
sociedade queira ver a justiça acontecer. Frente a tanta corrupção política, também
nos queixamos pela falta de governantes justos, e assim, por diante. Somos
lembrados da importância da justiça e a falta que esta faz. Infelizmente, a
injustiça se impõe em toda a humanidade, com mais ou menos força, ao redor de
todo o mundo.
Na bíblia, lemos que na antiguidade, Deus
prometeu ao povo a vinda de um Rei Justo que não governaria de acordo com a
justiça humana e, sim, divina. Neste texto de Isaías a palavra justiça aparece quatro
vezes. É-nos dito que o objetivo da vinda deste Rei ou Servo de Deus é
estabelecer a justiça. A sua missão é trazer justiça ao mundo. Gostaria de
citar do texto a fala sobre a justiça do Messias:
V.1
– “... e ele trará justiça às nações.”
V.3
– “... Com fidelidade fará justiça;”
V.4
– “... até que estabeleça a justiça na terra...”
V.6
– “Eu, o Senhor, o chamei para justiça;...”
Contudo, é interessante perceber que,
quando Deus fala da justiça do seu enviado, parece dizer ao povo que, não
esperasse por alguém que fizesse justiça na forma do povo. A razão é lógica: A
justiça humana está envolta e sujeita às injustiças. Somos uma sociedade que
clama por justiça, mas também cometemos injustiças. Podemos não tirar a vida de
ninguém, mas tantas vezes deixamos de nos dispor a auxiliar pessoas. Ou podemos
não concordar com a corrupção política, mas se mentimos ou omitimos algo em
favor de um interesse, também estamos agindo de forma corrupta. Jesus Cristo, o
próprio Filho enviado pelo Pai celestial, não apenas teria ações justas e, sim,
seria como permanece essencialmente Justo.
Os evangelhos nos contam que quando
Jesus iniciou a sua missão, logo de início as pessoas que mais tiveram
dificuldade com a sua justiça foram aqueles que eram considerados os “justos”
daquele tempo. A justiça de Cristo trazia à tona a hipocrisia daqueles homens.
E, desta forma, Jesus foi acusado e odiado como homem que envergonhava a sua
nação. Ter finalmente alguém justo era muito incômodo.
Mas a cruz tornou-se o maior marco da
justiça de Deus. Nela Deus condenou o pecado e concedeu perdão ao pecador ao
mesmo tempo, e sem envolver nenhuma punição ao pecador, mas oferecer-lhe graça
e misericórdia.
No Antigo Testamento era olho por olho
e dente por dente. A vinda do escolhido Servo de Deus inaugurou o Novo
Testamento onde em primeiro lugar não se pergunta ao pecador o que ele fez, mas
se anuncia o que Deus lhe fez e pode ainda lhe fazer, isto é justiça revelada
através da graça. O anúncio de Deus é que o Senhor Jesus será mediador “para abrir os olhos aos cegos, para
libertar da prisão os cativos e para livrar do calabouço os que habitam na
escuridão.” Não se quer mais saber por que estão aprisionados, todos somos
pecadores desde o nascimento e isso basta. Jesus veio a fim de libertar e
libertar a todos igualmente. Não há quem seja mais ou menos pecador. Quem ainda
precise sofrer mais um pouco ou pagar por algo para alcançar a bondade de Deus.
Não, a liberdade trazida por Jesus é abundantemente oferecida a todos! Quantas
vezes esta visão está em falta na nossa ótica de justiça? Se, fomos libertos
por Cristo, temos que correr e nos apressar, para que, os que ainda estão
aprisionados, também sejam libertos. Não é mais tempo destes estarem sofrendo
nas angústias de um calabouço, a liberdade já foi decretada e o libertador
também nos diz “assim como o Pai me enviou
eu também vos envio” (Jo 20.21). E “se
o Filho vós libertar verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36).
Em resumo, podemos dizer que, a maior
injustiça é o ato de um pecador que recebeu liberdade e vida nova em Jesus, e
não dispõem a sua vida para a liberdade dos que ainda permanecem escravos do
pecado e oprimidos pela suas consequências.
O que temos feito? Vivemos segundo a
justiça divina ou segundo a justiça humana falida? Com a nossa justiça própria nem
sequer podemos ser cristãos. É preciso reconhecer diante de Deus as nossas
falências, a fim de, assumir o que Deus tem para nós, num novo modo de vida.
Que Deus assim nos abençoe. Amém!
Missionária Elfriede Krause
Paróquia da Paz de Ijuí/RS
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