“A mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que
se perdem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus.” 1Co 1. 18
Passou a Páscoa. O que sobrou? Quando
nossas crianças eram pequenas, depois da Páscoa, a gente encontrava papéis de
chocolate, casquinhas quebradas por todos cantos da casa. A festa foi grande a
gente concluía. Como é bonita a alegria das crianças com a Páscoa, mesmo que
seja com o coelhinho – coitado! Tão combatido hoje! – A procura pelos ninhos
enchia a casa de vida, de festa. Muito diferente dos olhares sisudos dos
adultos sem graça na vida. Minha infância foi muito marcada pelas fantasias do
coelho e do Papai Noel. Nem por isso perdi a fé em Jesus. Reforçou minha
esperança de criança pobre num mundo mais doce e de partilha que os “peckhie”
das madrinhas e padrinhos transmitiam. A
mensagem que me vinha: um outro mundo é possível, de cuidado, de festa, de
partilha. Loucura né?
O grande apóstolo Paulo escreve que a
mensagem da morte de Cristo na cruz é loucura para os que se perdem. A cruz é
cruel e é um retrato do mundo cruel. Mundo que abandona crianças, que abusa de
criança, que explora crianças acabando com suas fantasias de proteção, de
cuidado, de pão. Mundo que incita a juventude à bebedeira, à luxúria, a um
materialismo que acaba com todo sentido de vida. Adultos que a todo custo,
querem acumular bens e mais bens e se entregam á uma louca corrida que lhes
rouba os anos de vida. Idosos não tem mais espaço dentro da família, são um
estorvo. Essa cruz está cravada no meio do mundo e sempre vai apontar para a
sexta-feira da paixão! Loucura da humanidade! Quem seriam hoje estes de quem
Paulo fala: estão se perdendo?
Mas tem uns loucos neste mundo,
graças a Deus! Uns loucos que crêem na alegria da Páscoa, feito criança que
recebe um presente! Tem umas loucas por aí levando o perfume do cuidado para
com as pequenas irmãs e pequenos irmãos de Cristo. Tem uns loucos que ainda
abrem a boca em favor dos oprimidos e sofridos! Que denunciam as crueldades
deste mundo. Tem umas loucas por aí que descobriram que o túmulo está vazio,
Cristo VIVE, Ele está entre nós, os louco pelo amor de Deus, que vão pelos
caminhos das Emaús de hoje, corajosamente colocando sinais de vida e de
esperança, alimentando – pode até ser fantasia – a certeza de que a cruz não
foi em vão. Há ressurreição! Há vida e essa precisa ser amada, cuidada,
valorizada e defendida do início ao fim. Não vamos nos perder por aí no meio de
santidades vazias, do medo de se doar. Podemos até errar nesta louca empreitada
pela dignidade da vida, mas, podemos crer, há perdão! Meu sonho é ter uma
comunidade atingida pela loucura da cruz gritando pela vida, coração ardendo
por justiça, por paz, por partilha, por pão, por carinho, por cuidado! Isso é
salvação!
Pa. Dulce Engster– Paróquia de Condor
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